OS SETE PILARES DA SABEDORIA:

Inteligência, Conhecimento, Paciência, Prudência, Justiça, Honestidade e Coragem

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sexta-feira, 27 de novembro de 2009

AS ESCUTAS, OS ESCUDOS E OS QUE SE ESCUDAM COM AS ESCUTAS


"Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não discriminando já o bem do mal, sem palavra, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo [...]" ( Guerra Junqueiro 1850-1923)
É impressionante a actualidade destas palavras.
Em Portugal assiste-se ao crescimento em flecha, de um fenómeno relativamente novo entre nós: As Escutas! - As escutas não são as meninas que seguem alegremente o escutismo de Baden Powel. Nada disso.Tratam-se de uns marmanjões que à socapa, vão escutando conversas telefónicas, e todos nós, neste mundo cada vez mais orwelizado - onde os porcos (por via da gripe) são os actuais cavaleiros do Apocalipse - estamos sujeitos a cair nas suas malhas.
Por esta via se vai descobrindo o que se pretende coberto, e que muitos insistem em ir cobrindo.
Mas o lençol é curto, e como sempre se tapa a cabeça, não tapa os pés, e se o esticam demasiado, como não é elástico, e por força do uso, já bastante puído, acaba por se rasgar no meio, deixando à vista um ventre sujo, nojento até, cujo nauseabundo aspecto, serve de desculpa para não se olhar com olhos de ver.
Apenas ouvimos, e mal.
Os implicados vão desfilando, mas ou pelo tamanho do peixe ou pela larga malha da rede, desconfio que muito pouco se apresentará na lota para ser comprado, e dado o que representam, serão retirados sem licitação, e lançados de novo ao mar, onde felizes e contentes continuarão a nadar nas águas cada vez mais poluídas que os próprios alegremente contaminam.
E a querer comprovar que assim será, num passe de mágica já viram as escutas contra quem as autorizou, e contra quem as efectuou.
Gente sem escrúpulos que por querer cumprir escrupulosamente a lei, lançam atoardas contra não importa quem.
E de libelos acusatórios, passam a escudos de defesa, contra-argumentando que se pretende com tal, apenas denegrir a imagem, a personalidade, o carácter(?), a vida pública e privada dos alvejados, recorrendo a obscuras manobras de interesses escuros, não se sabe bem de quem, nem porquê!
E os seus amigos, tentam convidar o povo, a mais uma vez se colocar ao lado dos "coitadinhos", que sem julgamento sequer, pretendem apedrejar até à morte (se possível física), em plena praça pública.
E assim, os "coitadinhos" com as escutas se escudam, caladinhos, deixando que outros venham a terreiro fortificar o escudo, pois também estes sabem que se o escudo quebra, caem os "coitadinhos" e eles também.
Mas podem os arguidos estar descansados, pois desde a segunda metade do século XIX nada mudou, e torno a pedir ajuda a Guerra Junqueiro:
Tem Portugal "Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonha, feixes de miséria, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia de um coice, pois que já nem com as orelhas é capaz de sacudir as moscas. [...]";
MUITO SEI EU !!